Entressafra de preços altos para o etanol
Terça-feira, 17 de Dezembro de 2013, 09:07:20
A entressafra de cana-de-açúcar começou em
1 º de dezembro na região Centro-Sul do país com os preços do etanol em
alta, na usina e também ao consumidor. Nas últimas quatro semanas,
alavancado pelo recente reajuste da gasolina de 4%, o biocombustível se
valorizou 6,1% na indústria em São Paulo. No mesmo período, o motorista
paulista sentiu nos postos um aumento médio de 5,3%. Alguns
especialistas acreditam que, até o fim da entressafra, em 31 de março de
2014, a cotação do etanol pode subir mais 13% na usina. Neste momento, o
consumo segue aquecido.
As opiniões sobre a direção dos preços do etanol daqui para frente
são divergentes. Algumas usinas e analistas acreditam que não haverá
grandes oscilações. Há os que defendem, entretanto, que as cotações
terão que subir com mais intensidade para frear o consumo, que segue
crescendo - 7,7% no acumulado de janeiro a outubro no país, segundo a
Agência Nacional de Petróleo (ANP).
O fato é que a remuneração às usinas que tiverem o produto para
vender entre dezembro e março tende a ser mais elevada que no mesmo
intervalo do ciclo passado. Neste momento, os preços do biocombustível
na indústria já valem 14% mais do que há um ano.
"O acompanhamento de preços relativos indica que o consumo de
hidratado deve continuar aquecido até dezembro", avalia o presidente da
consultoria Datagro, Plínio Nastari. A expectativa do especialista é de
que o balanço de oferta e demanda de hidratado fique mais apertado. "Mas
o preço sazonal na entressafra deve se encarregar de controlar o
consumo em níveis seguros até o início da próxima safra", afirma.
A
JOB Economia e Planejamento projeta que o consumo do biocombustível
terá que cair de 10% a 15% de dezembro até março do ano que vem para se
equilibrar com a oferta disponível. Nos cálculos do diretor da empresa,
Julio Maria Borges, os preços, atualmente na casa dos R$ 1,50 por litro
(posto na usina, com ICMS de 12%), devem ir para níveis entre R$ 1,60 a
R$ 1,70 por litro, o que significará uma alta de 13%", diz Borges. Esse
cenário, lembra o economista, considera que não haverá importações de
etanol na entressafra.
Já a Copersucar, maior comercializadora de etanol do mundo, não
aposta em altas significativas que possam representar grandes
oportunidades aos que carregam etanol para vender de dezembro deste ano a
março de 2014. O presidente da trading, Paulo Roberto de Souza, avalia
que a alta das cotações do biocombustível deve girar em torno de 1% ao
mês, o suficiente para pagar o custo de "carrego".
A mesma opinião é compartilhada por Pedro Mizutani, vice-presidente
de açúcar e etanol da Raízen, a maior produtora de etanol e açúcar do
país. "Os preços do hidratado devem continuar nesse patamar. Se houver
um pico, será em fevereiro. Em março, muitas usinas retomam a moagem da
nova safra", lembra.
O diretor de Cana-de-Açúcar do Grupo Tereos, Jacyr Costa Filho,
também não antevê uma escalada nos preços. "Os números apresentados pela
União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) mostram que a oferta será
confortável para atender ao consumo", diz o executivo do Grupo Tereos,
que controla a sucroalcooleira Guarani.
Os números da entidade, que representa as usinas do Centro-Sul,
também indicam uma tendência de equilíbrio na avaliação do sócio da
consultoria FG Agro, Gustavo Correa. Ele explica que o fato de a moagem
de cana ter chegado a 570 milhões de toneladas até 1º de dezembro
significa que a meta do setor de moer 590 milhões deve ser cumprida,
trazendo uma oferta suficiente de etanol. "No ano passado, a moagem em
dezembro atingiu 20 milhões de toneladas. Há grandes chances de esse
volume se repetir em dezembro deste ano", diz Correa.
Assim, afirma ele, há perspectivas razoáveis de a oferta de hidratado
ficar equilibrada com a demanda. Corrêa menciona que os preços do
etanol nesta semana, que estão registrando níveis acima de R$ 1,230 mil
por metro cúbico (sem impostos e sem frete), já devem levar a paridade
do etanol com a gasolina a 68% em São Paulo. "Isso já conterá um pouco o
consumo", afirma o especialista da FG Agro.
Ontem, os números da ANP já mostravam que a competitividade do etanol
no Estado de São Paulo diminuiu em relação à gasolina. De acordo com
parâmetros adotados pelo mercado, é considerado vantajoso ao consumidor
final abastecer com etanol quando seu preço equivale a menos de 70% do
preço da gasolina.
Em São Paulo, essa paridade na semana encerrada em 14 de dezembro,
subiu a 66,4%, ante 65,8% dos sete dias anteriores. Além de São Paulo,
essa relação ainda está mais vantajosa ao etanol no Paraná (67,2%), e em
Mato Grosso (66,5%). Atingiu o ponto de "indiferença", ou seja, 70%,
nos Estados de Goiás e Mato Grosso do Sul.
Na última semana, os preços do etanol ao motorista subiu em 18
Estados, sendo que o maior percentual de alta foi registrado em Mato
Grosso, de 3,43%. Foi nesse Estado também onde foi observado o maior
reajuste da gasolina, de 3,45%, que também teve valorização em 21
Estados
Fonte: Boletim Informativo Suinocultura Industrial
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