Posto 3M

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sábado, 25 de junho de 2016

A vida sem petróleo


No mundo corporativo costuma-se dizer que o órgão mais sensível do corpo humano é o bolso. Em 2008, quando a cotação  do barril de petróleo alcançou o recorde de US$ 140, este raciocínio serviu para catapultar as chamadas economias de baixo carbono e as fontes renováveis de energia. Uma época farta em dinheiro para novos projetos, regado de um acalorado debate sobre um planeta menos dependente de combustíveis fósseis.
Passados oito anos, o cenário é outro. A crise econômica mundial levou o preço do barril para a casa dos US$ 50 e o tombo fez emergir a discussão se o plano para substituição das fontes de energia suja foi por água abaixo. Os mais incrédulos dizem que gasolina e o diesel mais baratos servem para aliviar o bolso do consumidor, o que atrasa todo um esforço feito até aqui para barrar o aquecimento global. O contraponto é que o grupo dos que acreditam que já não há mais caminho de volta é mais encorpado. “Há hoje uma geração de jovens que não cobiça o automóvel como se desejava no passado. Uma sociedade mais consciente de que existem fontes alternativas de energia aos combustíveis fósseis”, afirma Alfred Szwarc, consultor de sustentabilidade da Unica, enditade que representa a indústria sucroalcooleira. “Temos soluções em energia eólica, hídrica, solar e o etanol.” Para ele,  a consciência social e ambiental fez surgir uma nova economia, em que a mobilidade e a energia renovável tornaram-se uma obsessão. “É preciso saber o que fazer com o pré-sal brasileiro. Vamos queimá-lo ou prosperar com uma matriz energética limpa?”
A União Europeia, que na semana passada sofreu um violento retrocesso político e econômico com a decisão dos eleitores britânicos de sair do bloco, é um exemplo dessa tendência.  Em maio, Portugal comemorou um fato histórico: o país passou quatro dias iluminado apenas por eletricidade proveniente do sol, do vento e das águas. Foram 107 horas ininterruptas sem depender de nenhum tipo de geração suja, como carvão. Já os alemães, literalmente, ganharam dinheiro ao acender as luzes. Graças à estrutura de geração distribuída do país, na qual é possível devolver à rede energia gerada localmente por meio de painéis solares, a tarifa de luz se manteve negativa por diversas vezes no dia 15 do mesmo mês, um fato inédito até então. Segundo a International Energy Agency, entidade que advoga em favor da geração limpa, o setor de energia renovável deve movimentar US$ 230 bilhões por ano, até 2020. Esse valor pode chegar a US$ 315 bilhões anuais.
O compromisso por uma economia global mais liberta do petróleo está no acordo assinado pelos países-membros das Nações Unidas (ONU) em 2015, quando mais de 150 países comprometeram-se a “assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível a energia para todos” até 2030. Para  o diretor do centro de informação da ONU no Brasil, Giancarlo Summa, há uma “conta de padaria” a ser feita pela sociedade. Segundo ele, abdicar de todo o esforço por energias renováveis e esperar até 2030  – e  checar o que foi ou não feito – é um equívoco. “Renegar os esforços para uma mobilidade sustentável tem um impacto econômico, e principalmente ambiental, muito mais alto do que se imagina”, diz.
Para o presidente da GE do Brasil, Gilberto Peralta, os preços mais baixos do petróleo significam que os governos têm espaço político para reduzir os subsídios. Segundo ele, no longo prazo a remoção dos incentivos irá melhorar a saúde fiscal e levar a um mecanismo de mercado, “para realocar os recursos na produção de energia mais confiável, eficiente e com preço justo, tornando possível o fornecimento para mais pessoas”. Peralta afirma que houve um grande avanço na disseminação de energia a todos os países, principalmente em fontes renováveis. Mas ressalta que isto ainda é pouco. “Uma em cada seis pessoas ainda não têm acesso à eletricidade, e um terço da população não pode depender das fontes que têm disponíveis. Só na África, mais de 600 milhões de pessoas ainda não têm acesso à eletricidade básica e 70% das empresas citam a energia não confiável como principal obstáculo para fazer negócios no continente”, afirma.
Confira, os principais projetos de energia e mobilidade no Brasil
Táxi elétrico
A Nissan concluiu seu programa de táxis elétricos no Rio de Janeiro e em São Paulo, após quatro anos. A iniciativa reduziu em 340 toneladas a emissão de CO2₂ nas duas capitais. No período, 25 automóveis modelos Leaf, movidos à eletricidade, rodaram mais de 2,2 milhões de quilômetros. Os veículos foram cedidos em comodato
O sol é para todos
A chinesa Renesola iniciou a venda de painéis solares no Brasil – a empresa atuava apenas na área de lâmpadas. Para marcar a entrada no segmento, ela fez um acordo com o Ministério de Minas e Energia e instalou no prédio do órgão, em Brasília, um sistema capaz de garantir 40% do consumo
Vá de bike
A transportadora TNT está adotando bicicletas para fazer entregas em três cidades brasileiras: São Paulo, Curitiba e Campinas. Com isso, conseguiu reduzir o tempo gasto nos trajetos e a emissão de poluentes. Na capital paulista, foram feitas 439 entregas, em 222 quilômetros, o que permitiu uma economia de 16 kg de CO2₂
De carona na estrada
A francesa BlaBlaCar, que oferece um aplicativo para encontrar caronas, contabilizou 10 milhões de quilômetros percorridos por viajantes em 100 dias de operação no País. A distância equivale a 13 viagens entre a Terra e a Lua. Com isso, os usuários da plataforma deixaram de emitir mais de mil toneladas de CO2 na atmosfera
Bateria carregada
As concessionárias CPFL, de energia, Autoban, de rodovias, e a rede de postos rodoviários Graal vão instalar o primeiro corredor intermunicipal para veículos elétricos do País. As rodovias Anhanguera e Bandeirantes, em São Paulo, ganharão eletropostos nos quais será possível carregar 80% da bateria de um carro em meia hora
Carga elétrica
A sueca Scania segue em sua cruzada pelo desenvolvimento de novas opções de propulsão para caminhões. Seu modelo híbrido P320 Euro 6, movido a a biodiesel e eletricidade, recebeu, no final de abril, o prêmio Green Truck Future Inovation, organizado pela imprensa alemã, um dos mais importantes na área de transportes
Aluguel conectado
A Hertz vai adicionar à sua frota o modelo Renault Zoe, totalmente elétrico. O veículo poderá ser alugado a partir do segundo semestre deste ano. Com autonomia para até 150 quilômetros, o Zoe poderá ser abastecido gratuitamente em um dos 25 eletropostos que a companhia pretende instalar, inicialmente em São Paulo
Economia líquida
A Toyota economizou 57 milhões de litros de água, em 2015, na comparação com o ano anterior. Mudanças em seu processo produtivo reduziram em 11,2% o consumo de água por veículo fabricado, para 1,98 metro cúbico. O volume é suficiente para abastecer cerca de cinco milhões de pessoas por ano
Casa modular
A startup Hometeka, da área de arquitetura, está lançando a Casa Chassi, que une a praticidade das micro casas modulares, com o conforto de espaços mais amplos. Além de gerar poucos resíduos, a casa inclui soluções como aquecimento solar e reúso de água. Uma versão básica, com dois dormitórios, sai por R$ 175 mil.
Bike literária
A Livraria Cultura e a WebECOmendas, empresa especializada em entregas ciclísticas, estão lançando um projeto de delivery de livros por meio de bicicletas. O serviço estará disponível, inicialmente, apenas na região da Avenida Paulista, em São Paulo, que é atendida pela icônica unidade da varejista no Conjunto Nacional
FONTE - www.opetroleo.com.br - (25/06/2016) - Estamos só repassando essa matéria 

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